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Morreu, na manhã desta quinta-feira (13), o artista plástico amazonense Óscar Ramos, aos 80 anos de idade. Ramos, que estava internado no Hospital Beneficente Portuguesa, no Centro, Zona Sul de Manaus, desde o último dia 5 de junho, foi vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). O velório do artista acontece nesta quinta, no Centro Cultural Palácio Rio Negro, localizado na avenida Sete de Setembro, 1546, Centro, a partir das 16h.

Óscar Ramos nasceu em Itacoatiara, em 1938. Morou em vários lugares do mundo, como Espanha, Inglaterra e o Rio de Janeiro, onde residiu por 35 anos e retornou ao Amazonas no início dos anos 1990, para fixar residência definitiva em Manaus.

O artista também foi o coordenador do Centro Cultural Palácio Rio Negro e ajudou a fixar o roteiro definitivo da Pinacoteca do Estado do Amazonas. Óscar era curador do Museu da Cidade de Manaus, além de ser curador de diversas exposições, entre elas “A Última Canção”, do fotógrafo Tácio Melo.

Inspiração

Para Tácio, Óscar era um artista de visão, muito à frente de seu tempo, com ideias, criações inéditas e diferenciadas de todos os artistas visuais. O fotógrafo diz que, por causa disso, Óscar tinha um perfil único de artista e que o Amazonas perde uma personalidade que tanto contribuiu para o Estado.

“A forma que ele pensou é diferente. É um olhar diferenciado, que não é tão regional, mas sim uma mistura de coisas. Ele tinha também a capacidade de observar as coisas de maneira diferente, de inspirar, ensinar, de fazer arte. Ele indo, ficam os trabalhos em memória dele porque sempre fica a arte para ser apreciado”, afirma.

A convivência de Tácio Melo e Óscar Ramos começou nas oficinas de Pintura que o artista ministrava quando o fotógrafo tinha entre 17 e 18 anos, no Liceu de Artes e Ofícios Claudio Santoro, atualmente instalado no Sambódromo. Logo depois, a relação amadureceu e Óscar foi o curador da exposição “A Última Canção”, que conta a história da violinista manauara Ária Ramos, morta no Carnaval de Manaus de 1915.

“Nós tínhamos um outro projeto, que era a exposição ‘O Conto das Amazonas’, que sairia agora entre 2019 e 2020, previsto para ser o último trabalho dele como curador. As pessoas quando se vão, viram anjos e, não tenho dúvida que esse nosso anjo das artes, lá de cima, além de pintar o céu, jogará sua magia por meio das tintas colorindo a vida e nos trazendo inspirações”, completou.

“Amigo dos amigos”

Já o administrador do Museu da Cidade de Manaus, Leonardo Novellino, define Óscar como “uma brisa refrescante no cenário artístico local”. “Ele era como raios de sóis chamando a atenção, despertando e movimentando a cena cultural amazonense. Era amigo dos amigos, generoso, e deixa a saudade de muitos amigos e familiares”, diz.

Novellino lembra que conheceu Óscar nos anos 1990, quando o artista voltou do Rio. Em 2013, os dois passaram a trabalhar juntos no Museu da Cidade. “Óscar inspirou e introduziu novos artistas no cenário local. Ele fez o papel da arte, que não morre, mas sempre se reinventa. Muitos artistas, como Jandr Reis e Cristóvão Coutinho, conheceram o Óscar, se inspiraram e foram motivados por ele, e hoje são artista de renome. O que fica, para nós, é a saudade”, salienta.

Luto oficial

O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, decretou luto oficial de três dias no município pela morte de Óscar Ramos. Virgílio definiu Ramos como “uma figura extremamente criativa e genial” e “dono de uma inteligência mordaz e generosa”.

“Estivemos acompanhando toda a sua internação e foi com muita tristeza que eu e minha esposa Elisabeth recebemos a notícia de sua morte. O Brasil e o mundo perdem um dos principais nomes das artes visuais”, disse o prefeito.

Já o secretário estadual de Cultura, Marcos Apolo Muniz, diz que a partida de Óscar deixa um vazio na história da cultura amazonense.

“Ele sempre foi uma pessoa comprometida com o Amazonas, por todos os lugares onde andou, levou a sua arte e também o nome do nosso Estado. Sua obra ficará como uma parte dele, que ainda estará entre nós. Como todo artista, Óscar tem uma alma iluminada e essa partida nos comove, nos emociona! Fica nosso carinho, nosso respeito e nossa memória por Óscar Ramos”.

Texto: Luana Dávila

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